Ablação ou Cirurgia: O Guia do Especialista para Escolher o Melhor Tratamento para Seu Nódulo de Tireoide

Comparativo entre ablação por radiofrequência e cirurgia de tireoide, mostrando indicações, eficácia e preservação hormonal em cada tratamento.

O avanço da medicina nos trouxe opções que não existiam há uma década. Se antes a cirurgia era a única resposta para nódulos de tireoide problemáticos, hoje a Ablação por Radiofrequência (ARF) e por micro-ondas se apresenta como uma alternativa poderosa e minimamente invasiva.


A pergunta que define o seu caminho é: "Qual é o melhor tratamento para o meu caso específico?"


Eu sou o Dr. Erivelto Volpi, cirurgião de cabeça e pescoço especializado em doenças da tireoide. A escolha entre ablação e cirurgia é uma decisão estratégica que depende fundamentalmente do diagnóstico do seu nódulo. Neste guia, vamos navegar pelas diferentes categorias de nódulos e entender como a ciência e a tecnologia nos guiam para a melhor opção terapêutica.

Categoria 1: Nódulos Benignos (Bethesda II)

Para a imensa maioria dos casos – nódulos volumosos, sintomáticos ou estéticos, mas com diagnóstico comprovado de benignidade – a Ablação por Radiofrequência é, sem dúvida, o tratamento de primeira escolha.

Por Que a Ablação é a Favorita para Nódulos Benignos?

A eficácia da ablação para o nódulo benigno é inegável, e suas vantagens na qualidade de vida são cruciais:

  • Minimamente Invasivo: O procedimento é realizado por punção, evitando a anestesia geral e a cicatriz.
  • Preservação da Função: A destruição é focada apenas no tecido doente, preservando a tireoide saudável ao redor. Isso significa que o paciente mantém a produção hormonal e evita a dependência de Levotiroxina na vasta maioria dos casos.
  • Múltiplos Nódulos: Conseguimos tratar múltiplos nódulos benignos em uma única sessão.

Resultados no Nódulo Benigno:

É importante entender o objetivo da ablação neste cenário:

  • Morte Imediata: A energia de radiofrequência causa a necrose coagulativa (morte do tecido) no momento do procedimento. O nódulo se transforma em um coágulo.
  • Redução Lenta: O organismo absorve esse coágulo lentamente ao longo de um ano. Não perseguimos o desaparecimento total, mas sim uma redução drástica. Nódulos benignos muito grandes podem diminuir de volume entre 70% a 90% após um ano, aliviando a compressão e o desconforto estético. O resquício que fica é um tecido necrótico, como uma cicatriz, que não volta a crescer.

Se o diagnóstico é Bethesda II, a ablação oferece a melhor qualidade de vida com eficácia terapêutica comprovada.

Categoria 2: Nódulos Indeterminados (Bethesda III e IV)

Estes são os nódulos que geram a maior incerteza diagnóstica. A Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) não foi conclusiva. Nesses casos, não podemos simplesmente ablacionar, pois há um risco real de estarmos deixando um câncer para trás.


Para que a ablação seja considerada, precisamos primeiro comprovar a benignidade por meio de estratégias avançadas:

1. Reclassificação por Biópsia e Punção

Uma das primeiras abordagens é tentar obter um diagnóstico mais conclusivo:

  • Nova Punção em Serviço de Referência: Às vezes, a PAAF inicial foi subótima. Uma nova punção, realizada por um radiologista ou especialista com foco na tireoide, pode fornecer um diagnóstico definitivo.
  • Core Biópsia (Biópsia com Agulha Grossa): Diferente da PAAF (que colhe apenas células), a Core Biópsia utiliza uma agulha um pouco mais grossa para colher fragmentos de tecido. A análise de fragmentos de tecido fornece uma informação estrutural muito melhor, sendo frequentemente mais conclusiva do que a PAAF para o Bethesda IV.

2. Teste Molecular (O Fator Genético)

A medicina moderna nos permite ir além da análise visual da célula: o teste molecular.

  • Análise Genética: Realizado com o material colhido na punção, este exame avalia a mutação genética presente no nódulo.
  • Segurança Reforçada: O teste molecular consegue determinar com alta segurança se aquele nódulo Bethesda III ou IV é, geneticamente, benigno ou se tem uma chance aumentada de malignidade.

Conclusão para Ablação: Somente após a comprovação da benignidade por uma Core Biópsia (negativa) ou por um teste molecular (com resultado de baixo risco), é que o especialista terá a segurança e a confiança necessárias para indicar a Ablação por Radiofrequência.

Categoria 3: Nódulos Tóxicos (Hipertireoidismo)

Estes são nódulos que, mesmo sendo benignos, produzem hormônio tireoidiano em excesso, levando o paciente ao Hipertireoidismo.

Tradicionalmente, o tratamento envolvia:

  1. Cirurgia: Remoção de parte da tireoide, com alto risco de levar ao hipotireoidismo posterior.
  2. Iodoterapia: Que destrói o nódulo, mas também pode levar ao hipotireoidismo e deixa o tecido morto.

A Ablação como Solução para o Hipertireoidismo

A Ablação por Radiofrequência é extremamente benéfica e eficaz para o nódulo tóxico.

  • Mecanismo: Ao destruir o nódulo que está hiperfuncionante, eliminamos a fonte de produção excessiva de hormônio.
  • Vantagem da Preservação: A ARF preserva o tecido tireoidiano sadio restante. Nesta situação, a chance de o paciente evoluir para o hipotireoidismo é muito baixa, garantindo o alívio do hipertireoidismo com a manutenção do equilíbrio hormonal natural.

Categoria 4: Câncer de Tireoide Inicial (Bethesda V e VI)

Para nódulos malignos, a regra é a cirurgia. Contudo, a ablação tem sido estudada para uma categoria muito específica de tumores de baixíssimo risco.


A opção de ablação só é considerada em casos extremamente selecionados de câncer de tireoide inicial:

  • Tamanho Limitado: Nódulos com diâmetro de no máximo 10 a 13 mm.
  • Técnica Agressiva: Neste caso, a técnica da ablação é diferente da usada para nódulos benignos. Não perseguimos apenas a redução, mas o desaparecimento completo do nódulo.
  • Margem de Segurança: Somos obrigados a ablar o nódulo e também uma margem de tecido saudável ao seu redor, como uma margem de segurança oncológica, algo que não é feito na ablação de nódulos benignos.
  • Monitoramento Rigoroso: O paciente deve ser rigorosamente monitorado, buscando o desaparecimento do nódulo (o que se torna uma pequena cicatriz fibrótica após um ano) e o mesmo índice de cura da cirurgia.


A ablação para malignidade é uma opção de tratamento que deve ser discutida com extrema cautela, em pacientes selecionados e com total consciência do protocolo de seguimento.

A Importância da Escolha Informada.

A escolha entre ablação e cirurgia é a decisão mais importante do seu tratamento e deve ser tomada após uma discussão aprofundada com o especialista, baseada em evidências e no seu diagnóstico individualizado.

  • Se o nódulo é benigno e sintomático, a ablação é o caminho da qualidade de vida.
  • Se o nódulo é maligno, a cirurgia é a regra, com a ablação sendo uma exceção em casos muito, muito iniciais.

O seu médico deve lhe oferecer todas as opções e discutir os prós e contras de cada uma para o seu caso específico. Se você ainda tem dúvidas sobre o seu diagnóstico ou a melhor opção terapêutica, procure uma segunda opinião especializada.

Aviso Legal: Este artigo foi escrito com o objetivo de educar e informar, apresentando a visão de um especialista na área. As informações contidas aqui são baseadas em diretrizes médicas e na experiência clínica do Dr. Erivelto Volpi, mas não substituem em hipótese alguma a consulta médica presencial ou a avaliação especializada. A sua conduta de tratamento deve ser definida individualmente, após a análise completa do seu histórico, exame físico e exames complementares.

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