Ablação por Radiofrequência de Nódulos de Tireoide: O Guia Completo da Destruição por Calor e Recuperação Imediata

Médico realizando ablação por radiofrequência guiada por ultrassom em nódulo de tireoide, mostrando precisão e preservação da glândula.

A tireoide, uma pequena glândula em forma de borboleta, é responsável por regular o metabolismo de todo o nosso corpo. Quando um nódulo é descoberto, e especialmente quando ele cresce, a ansiedade em relação a uma possível cirurgia e o medo de ter que tomar medicação hormonal para o resto da vida são preocupações imediatas.


Felizmente, para a grande maioria dos casos de nódulos benignos, a medicina evoluiu para oferecer uma solução minimamente invasiva, altamente eficaz e com recuperação praticamente imediata: a Ablação por Radiofrequência (ARF).


Eu sou o Dr. Erivelto Volpi, cirurgião de cabeça e pescoço com especialização em doenças da tireoide e paratireoide. Na minha rotina, a ARF é uma ferramenta que tem revolucionado a forma como tratamos nódulos volumosos, permitindo a redução de tamanho sem a necessidade de um bisturi.


Neste guia, você entenderá em detalhes a ciência por trás da ablação, o passo a passo do procedimento e o porquê de essa técnica ser a primeira escolha para a preservação da sua tireoide.

O Princípio Científico da ARF: Destruição Térmica Controlada

O conceito por trás da Ablação por Radiofrequência é, ao mesmo tempo, simples e sofisticado: utilizar o calor para eliminar seletivamente o tecido do nódulo, sem comprometer a glândula saudável ao redor.

O Que Acontece no Nódulo?

A ARF funciona com base no princípio da destruição térmica por coagulação. Quando a agulha de radiofrequência é ativada dentro do nódulo, ela emite ondas que geram um calor intenso.



  • Coagulação: Esse calor eleva rapidamente a temperatura do tecido alvo (células do nódulo) a níveis que causam a morte celular instantânea (necrose). As proteínas das células "cozinham", formando uma massa inerte, que chamamos de coágulo.
  • Controle e Precisão: A grande vantagem dessa técnica é a baixa dispersão lateral do calor. A onda de calor é focada principalmente na ponta da agulha. Isso permite que o especialista controle a área de destruição com precisão, preservando estruturas vitais adjacentes, como a cápsula da tireoide, os nervos da voz e a traqueia.

De Coágulo à Reabsorção

Uma dúvida frequente é: "O que acontece com o nódulo depois que ele é 'queimado'?"


O tecido coagulado (o nódulo destruído) é reconhecido pelo organismo como material inerte e estranho. O corpo, então, aciona um processo natural de limpeza e reciclagem.


  1. Processo de Necrose: Imediatamente, as células do nódulo morrem e o tecido fica inativo.
  2. Reabsorção: Ao longo dos meses seguintes (geralmente de 6 a 12 meses), o organismo gradualmente quebra e reabsorve esse coágulo.
  3. Redução de Volume: É essa reabsorção que causa a diminuição progressiva do volume do nódulo, aliviando os sintomas compressivos e o desconforto estético. É comum observarmos reduções de volume que variam entre 50% e 90%, dependendo da composição do nódulo.

Ultrassom e a Agulha de Radiofrequência.

A ARF é um procedimento de alta tecnologia que exige expertise em diagnóstico por imagem e habilidades cirúrgicas minimamente invasivas. A tecnologia empregada é fundamental para garantir a segurança e a eficácia.

O Papel Fundamental do Ultrassom: O "Olho" do Especialista

O ultrassom é, na prática, o principal guia do procedimento, e é por isso que um cirurgião com expertise em ultrassonografia diagnóstica possui uma vantagem técnica.

  • Guia em Tempo Real: Todo o procedimento é realizado com o ultrassom, que funciona como um GPS interno. Ele permite que o especialista visualize o nódulo, a agulha e a área de dispersão de calor em tempo real.
  • Segurança Estrutural: O ultrassom garante que a agulha seja inserida e mantida a uma distância segura dos limites do nódulo, protegendo a cápsula da tireoide, a traqueia e o feixe vascular do pescoço.

A Agulha de ARF: Precisão e Controle

A agulha de radiofrequência é projetada especificamente para este fim:

  • Ponta Ativa: A ponta da agulha é a única porção que gera o calor. O aparelho de radiofrequência controla a potência e a temperatura emitida, permitindo uma destruição previsível.
  • Termômetro Integrado: O sistema monitora a resistência do tecido e a temperatura local, alertando o médico quando a área está coagulada, garantindo que o tratamento seja completo naquela secção.

Da Anestesia à Destruição

O paciente que chega para a Ablação por Radiofrequência é submetido a um processo que prioriza o conforto, a segurança e a eficácia técnica.

1. Anestesia e Sedação: Conforto e Ausência de Dor

A ARF se enquadra nos procedimentos ambulatoriais minimamente invasivos.

  • Anestesia Local: Utiliza-se anestesia local, similar àquela usada pelo dentista, aplicada na pele e no tecido ao redor do nódulo. O paciente não sente dor no local da punção ou durante a aplicação do calor.
  • Sedação Leve: O paciente recebe uma sedação leve para relaxar. Ele está acordado, mas sonolento e muito confortável. Isso é importante porque, em alguns momentos, podemos pedir que o paciente coopere ou informe sobre alguma sensação no pescoço (embora seja raro). O procedimento deve ser uma experiência tranquila.

2. A Técnica de "Moving-Shot": Tratando a Área

Com o paciente confortável e o campo anestesiado, iniciamos a intervenção:

  1. Punção Guia: A agulha de ARF é introduzida através da pele, por punção, e guiada pelo ultrassom até o interior do nódulo.
  2. Início da Ablação: O tratamento é iniciado na região mais profunda (posterior) do nódulo e avança em direção à superfície (anterior).
  3. Destruição Progressiva (Moving-Shot): O especialista não trata o nódulo inteiro de uma só vez. Ele utiliza a técnica chamada Moving-Shot (tiro em movimento), que consiste em queimar pequenas áreas sequencialmente. O aparelho indica que a secção está tratada (destruída) e, então, o especialista move a agulha para a próxima parte.
  4. Cobertura Total: Guiados pelo ultrassom, seguimos este processo continuamente, garantindo que o nódulo seja completamente destruído, de forma metódica, até termos a certeza de que todas as áreas foram alvo do calor.

3. Duração e Multitarefa

A duração total do procedimento é otimizada pela precisão da técnica:

  • Tempo Médio: Uma sessão de ARF dura, em média, 45 minutos, podendo variar de 30 a 90 minutos, dependendo da complexidade e do volume do nódulo.
  • Tratamento de Múltiplos Nódulos: Uma das grandes vantagens da ARF é que, se o paciente tiver mais de um nódulo elegível e sintomático, mais de um nódulo pode ser tratado em uma única sessão.

Recuperação Rápida e Vantagens Duradouras

A Ablação por Radiofrequência não só resolve o problema do nódulo como o faz com um impacto mínimo na vida do paciente.

1. O Regime Ambulatorial: Voltando para Casa em Horas

Por não ser uma cirurgia aberta, a recuperação é drasticamente acelerada.

  • Pós-Imediato: Após o término da ablação, o paciente permanece em observação por um período curto, geralmente de 2 a 4 horas, apenas para monitoramento e liberação completa da sedação.
  • Alta: O paciente é liberado para casa no mesmo dia, sem a necessidade de internação noturna.
  • Retorno à Rotina: No dia seguinte ao procedimento, o paciente pode retornar à sua rotina, incluindo trabalho e atividades leves. A ausência de cicatrizes e a rápida recuperação fazem da ARF a melhor alternativa de tratamento para a vida moderna.

2. As Vantagens Incomparáveis da ARF (E-E-A-T)

A ARF se estabelece como um tratamento de altíssima autoridade porque resolve a queixa do paciente (o volume) ao mesmo tempo em que oferece três benefícios cruciais que a cirurgia convencional não oferece:

  • 1. Preservação da Função da Tireoide: Ao destruir apenas o nódulo, o tecido saudável remanescente continua produzindo seus hormônios T3 e T4 normalmente. O paciente não desenvolve hipotireoidismo e, na imensa maioria dos casos, não precisa de Levotiroxina (reposição hormonal diária).
  • 2. Ausência de Cicatriz: O procedimento é feito por uma punção. Não há incisão, não há pontos, e não há cicatriz visível no pescoço.
  • 3. Baixíssimo Risco de Complicações Graves: Por ser minimamente invasivo e ter a agulha guiada, os riscos de lesão no nervo da voz e nas paratireoides são drasticamente reduzidos em comparação com a cirurgia aberta, aumentando significativamente a segurança do paciente.


A Ablação por Radiofrequência de nódulos benignos de tireoide é um tratamento moderno, seguro e eficaz, que garante ao paciente a eliminação do problema volumétrico com total preservação da sua saúde hormonal. Se você se enquadra nos critérios de nódulos benignos, sintomáticos ou em crescimento, esta técnica representa um passo gigante em direção à sua qualidade de vida.


É fundamental que esta avaliação seja realizada por um especialista com profundo conhecimento em ultrassonografia e experiência na técnica de ablação.


Não deixe que a ansiedade sobre a cirurgia defina seu tratamento.


Se você deseja avaliar a elegibilidade do seu nódulo para a Ablação por Radiofrequência, agende sua consulta especializada e traga seus exames para uma avaliação detalhada. A excelência no tratamento começa com a escolha correta do procedimento.

Aviso Legal: Este artigo foi escrito com o objetivo de educar e informar, apresentando a visão de um especialista na área. As informações contidas aqui são baseadas em diretrizes médicas e na experiência clínica do Dr. Erivelto Volpi, mas não substituem em hipótese alguma a consulta médica presencial ou a avaliação especializada. A sua conduta de tratamento deve ser definida individualmente, após a análise completa do seu histórico, exame físico e exames complementares.

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