Ultrassom de Tireoide: A Ferramenta Mais Sensível para o Diagnóstico e Acompanhamento da Glândula

Ultrassom de tireoide mostrando a anatomia da glândula e identificação de nódulos benignos e malignos.

Quando se fala em investigar a tireoide, a presença de nódulos ou qualquer alteração em sua forma, o exame de imagem mais pedido e, indiscutivelmente, o mais crucial para o especialista é o Ultrassom de Tireoide e do Pescoço.


Eu sou o Dr. Erivelto Volpi, cirurgião de cabeça e pescoço dedicado às doenças da tireoide e paratireoide. Na minha rotina, o ultrassom não é apenas um exame complementar; ele é meu principal instrumento de avaliação morfológica, meu "estetoscópio", que me permite enxergar a glândula com um nível de detalhes inalcançável por outras tecnologias.


Neste guia detalhado, vou explicar por que o ultrassom é insubstituível na avaliação da tireoide, como ele funciona e quando outros exames (como a Tomografia ou a Ressonância) se tornam mais relevantes.

A Superioridade do Ultrassom: Por Que Ele é o "Olho" do Especialista?

Muitos pacientes questionam se uma Tomografia ou uma Ressonância, por serem exames mais complexos, não seriam melhores para avaliar a tireoide. A resposta é um categórico não.


Ultrassom: Maior Sensibilidade e Especificidade para a Glândula

O ultrassom usa ondas sonoras de alta frequência e é perfeitamente adequado para a tireoide, pois:

  • Alta Resolução para Partes Moles: A tireoide é uma estrutura superficial, composta por tecidos moles. O ultrassom é excelente em visualizar essas estruturas com uma resolução de detalhes que a Tomografia (TC) e a Ressonância Magnética (RM) não conseguem igualar.
  • Detalhe de Milímetros: A capacidade do ultrassom de detectar alterações de milímetros é vital. É com ele que identificamos nódulos minúsculos, analisamos suas margens, sua ecogenicidade (como o nódulo se comporta com as ondas sonoras) e, crucialmente, a presença de microcalcificações.
  • Segurança e Acessibilidade: É um exame simples, seguro, de fácil realização e sem contraindicações (não utiliza radiação ionizante e pode ser feito em gestantes).


Eu costumo dizer que a ressonância e a tomografia são exames pobres para ver os detalhes internos da tireoide; o ultrassom é o exame rico, detalhado e específico.

O Que o Ultrassom nos Mostra: Morfologia e Risco

O objetivo principal do ultrassom é avaliar a morfologia (forma) da glândula e a presença de alterações.


1. A Estrutura da Tireoide Normal

O ultrassom mostra a tireoide em seu formato característico de "borboletinha", composta pelos lobos direito e esquerdo, unidos pelo istmo.


Ao "fatiarmos" a tireoide virtualmente, como se fosse um salame na padaria, podemos ver toda a sua estrutura, fatia por fatia, verificando se o tecido (parênquima) é homogêneo e sem nódulos evidentes.


2. Identificação e Caracterização de Nódulos

Quando um nódulo está presente, o ultrassom é o que nos permite classificá-lo, o que é o primeiro passo para o diagnóstico:

  • Sólido ou Cístico: Podemos diferenciar se o nódulo é totalmente sólido, totalmente cístico (cheio de líquido), ou misto. Nódulos puramente císticos (cistos simples), por exemplo, são achados absolutamente normais e benignos, semelhantes aos pequenos cistos de ovário.
  • Rastreamento de Malignidade (Sistema TIRADS): O ultrassom fornece as características que utilizamos para aplicar o sistema TIRADS (Thyroid Imaging Reporting and Data System). Observamos detalhes como bordas irregulares, forma mais alta do que larga, e a presença de microcalcificações, que são os fatores que aumentam a suspeita de malignidade.


3. O Doppler e a Vascularização

A técnica de Doppler aplicada ao ultrassom é fundamental. O Doppler permite-nos ver o fluxo de sangue (vascularização) na tireoide.

  • Vasos Normais: Vemos os vasos que irrigam a tireoide (pontinhos azuis e vermelhos) e as grandes estruturas vasculares próximas, como a carótida e a jugular.
  • Avaliação de Nódulos: A vascularização do nódulo também é um critério de risco. Uma vascularização caótica ou predominantemente central pode aumentar a suspeita, enquanto uma vascularização periférica pode ser mais tranquilizadora.

Quando Outros Exames São Necessários? A Limitação do Ultrassom

Embora o ultrassom seja superior para a visualização da glândula em si, ele tem uma limitação na avaliação de estruturas adjacentes e da extensão da glândula para dentro do tórax. É aqui que a Tomografia e a Ressonância se tornam úteis:


1. Relação com Estruturas Vizinhas

O ultrassom é excelente para ver a tireoide, mas tem dificuldade em avaliar a relação da glândula com estruturas atrás da traqueia ou muito laterais, como a faringe ou a laringe.


2. Bócio Mergulhante (Subesternal)

Quando a tireoide cresce muito (Bócio) e desce, mergulhando para dentro da cavidade torácica (mediastino), o ultrassom não consegue mais enxergar a parte inferior da glândula, pois o osso do peito (esterno) bloqueia as ondas sonoras.



Nesses casos de Bócio volumoso que se estende para o tórax (Bócio Subesternal ou Mergulhante), a Tomografia ou a Ressonância são as melhores formas de avaliar:

  • O volume total da tireoide.
  • A exata extensão do mergulho no mediastino.
  • O grau de compressão que a glândula está exercendo sobre a traqueia e os grandes vasos (como as veias jugulares e a carótida).

Um Exame Simples, Seguro e Essencial

O ultrassom de tireoide é um procedimento rápido, indolor e de fácil realização. Ele é a primeira linha de investigação e a principal ferramenta de acompanhamento.


Siga a Orientação do Seu Médico: A decisão de quando solicitar um ultrassom (para rastreio, por suspeita clínica, ou para acompanhamento de um nódulo já diagnosticado) deve ser do seu médico especialista. Lembre-se, o ultrassom é simples, mas sua interpretação é complexa e deve ser realizada por profissionais acostumados com a anatomia e patologia da região cervical.


Aviso Legal:  Este artigo foi escrito com o objetivo de educar e informar, apresentando a visão de um especialista na área. As informações contidas aqui são baseadas em diretrizes médicas e na experiência clínica do Dr. Erivelto Volpi, mas não substituem em hipótese alguma a consulta médica presencial ou a avaliação especializada. A sua conduta de tratamento deve ser definida individualmente, após a análise completa do seu histórico, exame físico e exames complementares.

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