Levotiroxina: Como Tomar Corretamente para Evitar Efeitos Colaterais e Garantir a Absorção

Paciente tomando comprimido de Levotiroxina em jejum com água, seguindo orientação médica para melhor absorção do hormônio tireoidiano.

Se você faz uso de Levotiroxina, seja por hipotireoidismo ou após a retirada da tireoide (tireoidectomia), é fundamental saber que este medicamento, que é um hormônio, exige um cuidado especial na hora da administração.



Eu sou o Dr. Erivelto Volpi, cirurgião de cabeça e pescoço, e hoje vou detalhar as melhores práticas para que a

Levotiroxina Causa Efeitos Colaterais?

Sim, como qualquer medicamento, a Levotiroxina pode apresentar efeitos colaterais. No entanto, o índice de efeitos colaterais diretos pela medicação, quando tomada na dose correta, é muito, muito pequeno.


Na maioria das vezes, os sintomas ruins que os pacientes sentem não são causados pela Levotiroxina em si, mas sim por dois fatores principais:


  1. Dose Inadequada: A dose está muito alta (causando hipertireoidismo) ou muito baixa (causando hipotireoidismo).
  2. Má Absorção: O medicamento não está sendo absorvido corretamente devido a interferências externas.


O segredo para a Levotiroxina funcionar perfeitamente está no ritual da tomada.

O Ritual Perfeito: Maximizando a Absorção da Levotiroxina

Para que a Levotiroxina (o hormônio T4) seja bem absorvida e atinja o resultado ideal com a menor dose possível, é preciso seguir algumas regras de ouro:


1. Tomar em Jejum pela Manhã

Este é o ponto mais importante. A Levotiroxina precisa de um pH ácido no estômago para ser absorvida. O momento em que nosso estômago está naturalmente mais ácido é quando acordamos, em jejum.


  • Jejum Mínimo: Deve-se esperar no mínimo 30 minutos após a tomada para ingerir qualquer tipo de alimento ou bebida (exceto água).
  • Hidratação: Tome a Levotiroxina com a menor quantidade de água possível. Evite copos cheios d'água, e jamais tome com café, leite, sucos ou refrigerantes, pois eles interferem na acidez do estômago.


2. E se Eu Não Puder Tomar Pela Manhã?

Muitos pacientes, como plantonistas, trabalhadores noturnos ou pessoas com problemas gástricos, podem ter dificuldade em seguir o protocolo matinal. Nesses casos, a solução é ajustar o jejum:


  • Intervalo Mínimo: Caso precise tomar em outro horário (como à noite ou na madrugada), certifique-se de que haja um intervalo de pelo menos 4 horas de jejum sem ingerir absolutamente nada (nem água em excesso).
  • Ajuste da Dose: Pacientes que tomam em horários não usuais podem precisar de uma dose ligeiramente maior para compensar a absorção que pode ser menor. O importante é o acompanhamento médico para o ajuste fino.


3. A Flexibilidade do Horário

Diferente de alguns antibióticos, a Levotiroxina não precisa ser tomada no mesmo minuto todos os dias.



  • Se você acorda às 6h em um dia e às 9h no outro, tome em jejum no momento em que acordar. Isso não interfere na eficácia.
  • Se você acorda à noite por algum motivo (como ir ao banheiro) e ainda está em jejum, pode tomar a dose e voltar a dormir.

Sintomas da Dose Inadequada: Cuidado com o Excesso ou a Falta

Se você está sentindo desconforto com a Levotiroxina, é muito mais provável que a sua dose esteja errada. O equilíbrio hormonal é delicado.



  • Dose Abaixo do Ideal (Simulando Hipotireoidismo):
  • Cansaço e desânimo persistentes.
  • Sonolência excessiva.
  • Perda de força muscular.
  • Alterações no ciclo menstrual.
  • Ganho de peso inexplicável.
  • Dose Acima do Ideal (Simulando Hipertireoidismo):
  • Taquicardia (coração acelerado).
  • Insônia e nervosismo.
  • Tremores e ansiedade.
  • Perda de peso não intencional.

A Individualização da Dose: Não é Uma Receita de Bolo

O controle regular da sua dose é vital. A dose de Levotiroxina não é a mesma para todos e é calculada com base em múltiplos fatores:


  • Idade, Sexo e Peso: O peso do paciente é um fator determinante no cálculo inicial da dose. Mudanças de peso (por exemplo, com o uso de medicamentos para emagrecer) influenciam diretamente a quantidade necessária de hormônio.
  • Tipo de Tratamento: A dose é diferente se o objetivo é tratar um hipotireoidismo subclínico, um hipotireoidismo manifesto, ou se é para reposição total após uma Tireoidectomia.
  • Motivo da Cirurgia: O tratamento pós-cirurgia (seja por doença benigna ou maligna) também orienta a dose, pois em casos de câncer, buscamos doses que mantenham o TSH em níveis mais baixos.



Portanto, jamais ajuste sua dose sem a orientação médica. O acompanhamento regular é indispensável.

Uma Nota sobre T3 e Iodo

T3 (Tiroxina Livre): O T4 (Levotiroxina) é transformado em T3 no nosso organismo conforme a necessidade. Por isso, a imensa maioria dos pacientes não precisa tomar T3 separadamente. O T3, no Brasil, é frequentemente usado apenas em fórmulas manipuladas, cujas doses são mais difíceis de controlar com precisão, pois os hormônios são dosados em microgramas, e a variação na manipulação pode ser significativa.


Suplementação de Iodo: O iodo é essencial, mas cerca de 100% dos brasileiros já têm níveis adequados devido à iodação do sal. Suplementar iodo desnecessariamente pode ser prejudicial e até causar inflamação na tireoide.



Fique atento, siga corretamente as orientações do seu médico e faça o controle regular dos exames para que você tenha o melhor resultado possível com seu tratamento

Aviso Legal: Este artigo foi escrito com o objetivo de educar e informar, apresentando a visão de um especialista na área. As informações contidas aqui são baseadas em diretrizes médicas e na experiência clínica do Dr. Erivelto Volpi, mas não substituem em hipótese alguma a consulta médica presencial ou a avaliação especializada. A sua conduta de tratamento deve ser definida individualmente, após a análise completa do seu histórico, exame físico e exames complementares.

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